História, Genealogia [ascendência e descendência] da família DALLAPICCOLA [e variações: DALAPICOLA, DALLAPICOLA, DALLA PICCOLA, DALAPICOLLA, DALAPICULA, DALLAPICULA, DALLA PICOLA dentre outras].

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Relato da viagem de Giuseppe Dallapiccola e família: Há 132 anos (1875-2007)

Relato da viagem na qual vieram os imigrantes Giuseppe DALLAPICCOLA, sua esposa e filhos no ano de 1875. Conforme o livro FUNDAÇÃO E FACTOS HISTÓRICOS DE SANTA THEREZA – ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, escrito por Frederico MÜLLER, publicado em 1925, por ocasião dos festejos de 50 anos da fundação “oficial” de Santa Teresa (ES):


Foi no anno de 1875, aos 12 dias do mez de Abril, que um trem partiu soturno para a França, deixando nos valles de Trento o éco saudoso de uma ultimo apito!

A 17 levantou ferros, no porto do Havre, o vapor francez “Rivadavia”, trazendo no seu bojo essa mescla extraordinaria de typos, de genios e de caracteres, todos, entretanto, identificados pelo mesmo destino e pelo mesmo ideal.

Depois de uma viagem sem grandes incidentes, singrando as aguas immensas do mar, chegou o navio á bahia da Guanabara no dia 9 de Maio.

Era o sonhado Brasil, a terra encantada, a mansão da Felicidade!
O desembarque teve logar no dia immediato, quando partiram, em trem, para a Barra do Pirahy, onde estiveram de quarentena pelo espaço de 17 dias. De volta ao Rio, embarcaram n’outro vapor, rumo de Victoria, onde saltaram á terra no dia 31.
Dias depois, abastecidos de generos alimenticios e de ferramentas de lavoura, subiram, aos magotes, pelo rio Santa Maria. Causava-lhes espanto a maneira estranha e barbara por que os canoeiros faziam as canôas correr...
A “filha do sol e das aguas” era um lugarejo com diversas barracas de palha, tres casas de negocio, um hospital e uma capella de insignificantes dimensões.
Apenas chegados, casaram-se, alli, cinco jovens immigrantes, dous dos quaes são Daniele Mér e Lazero Andreata, ambos ainda fortes e sadios tendo festejado, este anno, suas bôdas de ouro.
Algum tempo mais tarde, tomaram pela estrada ou picada que dava a um tal Aurelio de Alvarenga Rosa (Serra do Alvarenga), onde existiam dous barracões cobertos de palha e adrede armados para pousada dos immigrantes. Dahí proseguiram pela matta a dentro, tendo a indicar-lhes o rumo uma simples trilha.
Todos os homens entregaram-se á abertura da estrada, sob a direcção de um tedesco chamado João Simon.
Enquanto se fazia esse trabalho, o Vice-Director, Agrimensor Franz Von Lipes – funccinonario do Governo – entregava-se, ás margens do nosso rio Timbuhy, á medição e divisão dos lotes de terrenos que deviam ser entregues aos braços estrangeiros.
Aberta a passagem, convidou-os Von Lipes a tirar, um a um, á sorte, as suas respectivas colonias.
Eram elles, entre outros:
Virgilio LAMBERT, Antonio LAMBERT, Fedelle MARTINELLI, Andréa MARTINELLI, Filippo BORTOLINI, Eugenio CUEL, Lorenzo DIPRÉ, Paolo PAOLI, Giovanni Baptista PAOLI, Pietro MARGON, Antonio MARGON, Giovanni ANGELI, Luigi ANGELI, Cyrillo BELLUMAT, David CASTELUBER, Mateo DALPRÁ, Giorgio MARTINELLI, Giorgio GASPERAZZO, Massimo GASPERAZZO, Domenico GASPERAZZO, Domenico GOZZER, Giovanni BROSEGHINI, Alessandro FELIPPI, Celesta ROSA, Pietro COSTA, Giuseppe DALLAPICOLA, Paolo MONTIBELLER, Luigi ZOTELE, Pietro POSTAI, Lazero ANDREATA, Francesco ROVVER, Thomaso ARMELINI, Giacomo PASSAMANI, Pietro ROSSELI, Francesco SCALZER, Giuseppe PAOLI, Domenico ECHER, Aogusto PALAURO, Antonio PALAURO, Giuseppe MARGON, Paolo ZOTELLE, Antonio ZANETTI, Baldassari ZONTA, Pietro VALANDRO, Luigi TOMAZELLI, Pietro LENZI, Adone AVANCINI, Giovanni MOSCHEM, Enrico MOSCHEM, Pietro AVANCINI, Giuseppe BORTOLINI, Daniele MÉR, Giacintho FILIPPI, Domenico MONTIBELLER, Albino SCALZER, Lourenzo MARGON, Achile MOSMAZO, Angelo MARGON e Antonio MARGON.
Referimos apenas os chefes de familia. E’-nos gratissimo dizer que os dez por ultimo citados ainda não quizeram deixar este nosso Valle, apesar de ser elle tambem de lagrimas... e sentem-se bastante fortes para ouvir discursos no dia da festa...
Fez-se o sorteio e entrega das terras precisamente no dia 26 de Junho 1875, dia de S. Virgilio.
[...]
Distribuídas as terras pela fórma alludida, os primeiros trabalhos atacados, além da derrubada geral no logar onde se ia erguer a povoação, não foram os da agricultura e sim os de acabamento e abertura das estradas pelos vallões de S. Pedro, S. Lourenço e Baixo Timbuhy.
Os trabalhos eram suspensos todos os sabbados ao meio dia, e semanas após foi ordenado que os immigrantes trabalhassem tres dias nas estradas e tres nas suas colonias.
Aos sabbados de tarde eram distribuidas as provisões de bôcca, feitas em Cachoeiro, cuja viagem, a pé e assáz penosa, era uma verdadeira via crucis.


Referência Bibliográfica (fonte):

MÜLLER, Frederico. Fundação e Factos Históricos de Santa Thereza – Estado do Espírito Santo. Victoria : Diario da Manhã, Marcondes & C., 1925, p. 10-13, 17.

NOTA: Fiz a presente transcrição a partir da primeira edição da obra. Mantive a grafia da época (1925) bem como, os erros de impressão.

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